Walter Salles com o Oscar 2025 de melhor filme internacional

Há anos, o Oscar vem se tornando mais do que uma premiação de trabalhos de excelência no mundo cinematográfico. Com o passar de cada edição, transforma-se, cada vez mais, em uma reunião política, participando ativamente dos debates que permeiam a sociedade contemporânea. Com a vitória do filme brasileiro Ainda Estou Aqui na categoria de melhor filme internacional, esse debate chegou ao Brasil, despertando as mais diversas opiniões na sociedade. Uma parte assistiu ao filme e opina sobre ele; outra parte não assistiu, mas também opina – algo que considero salutar para todos dentro da nossa democracia, que há tempos vem sendo desgastada pelo ativismo judicial. Esse ativismo interfere na política em todas as esferas, boicotando decisões legítimas que deveriam ser tomadas pelo povo nas urnas.  

Ver diferentes pontos de vista sendo levantados sobre o passado político da nação me faz refletir que, enfim, podemos estar diante de uma sociedade mais politizada, desejosa de compreender melhor o passado para entender o presente e moldar o futuro. Como mencionei no início, a noite do Oscar não se limita mais a premiar filmes de excelência; tornou-se também uma ocasião para glorificar a agenda woke, que artistas – em sua maioria militantes da causa – decidem tornar pública em seus discursos ao receberem prêmios. Os diretores, por sua vez, não fazem questão de esconder o direcionamento de seus trabalhos voltados a essa agenda.  

Para uma parcela mais conservadora da população, isso faz com que a premiação perca seu brilho a cada edição. Já para outra parcela, os trabalhos apresentados refletem sua forma de ver o mundo e de reinterpretar a história passada, conforme seu viés político-ideológico de esquerda progressista. Se essa transformação da maior premiação do cinema internacional é correta ou não, cabe a cada um analisar pessoalmente – não apenas ao cidadão que busca formar sua opinião, mas também aos grupos políticos por trás dessa movimentação.  

A esquerda progressista brasileira, ao acenar para pautas woke apenas para agradar sua base, parece se prender cada vez mais aos seus 30% do eleitorado. Mesmo com grandes orçamentos e estrelas de TV antes consagradas por amplas camadas do público, não consegue mais atingir com a mesma intensidade as pessoas de ideologia mais centrada. Um exemplo claro dessa perda foi visto nas eleições municipais de 2024, quando o centro e a direita saíram vitoriosos, enquanto a esquerda progressista foi a grande derrotada, elegendo o menor número de prefeitos tanto no interior quanto nas capitais. Nunca a frase do rapper Mano Brown, dita em 2018, fez tanto sentido para a esquerda: “Volta para a base.”  

Por outro lado, a direita conservadora não compreende por que a esquerda domina tão bem a questão cultural do país, enquanto as redes sociais e o debate interativo e instantâneo – facilitados pelas novas tecnologias de comunicação do século XXI – estão em suas mãos. O debate cultural, aos poucos, começa a se equilibrar com plataformas como a Brasil Paralelo, que resgatam as histórias dos verdadeiros heróis nacionais e o legado deixado por eles às novas gerações. No entanto, a falta de financiamento – inclusive da militância – e o desinteresse de parlamentares conservadores, que não entendem nem apoiam iniciativas como essas, tornam esse trabalho custoso e demorado, resultando em menor alcance na mídia (mesmo a digital) e menor visibilidade nacional e internacional. A batalha nesse campo cultural só começará a se nivelar quando os representantes da direita brasileira decidirem contar sua própria versão da mesma história. 

Por fim, espero que a discussão sobre o Oscar conquistado pelo Brasil amadureça e que ambos os lados políticos corrijam suas rotas para voltar a ter sucesso onde hoje falham.  

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