Amanda Silveira (Jornalista e Assessora de Imprensa)
Como o bullying e o cyberbullying impactam a vida das crianças e adolescentes
Matéria repostada UOL

Aminissérie Adolescência, que estreou esse ano na Netflix, criada por Jack Thorne e Stephen Graham, conta como a vida de uma família vira decabeça para baixo após o filho de
Averdade é que por traz da história da família, há a história da escola, dobullying e do cyberbullying e de como estes afetam crianças e adolescentes demaneiras diferentes. A psicóloga cognitivo-comportamental, Karine Brock, consideraque a maior exposição dos adolescentes à internet e às suas diversas redessociais, jogos e aplicativos podem incidir diretamente no aumento de casos debullying e cyberbulling. Tendo em vista que cada vez mais cedo essesadolescentes estão na rede, mais cedo sofrem com divulgação de fotos, deboches,comentários e isto até mesmo de desconhecidos. “É um ambiente virtual anônimoque facilita a agressividade, levando a um impacto psicológico muito grande,sobretudo porque ultrapassa os limites das paredes da escola, por exemplo. Nocyberbullyng, a exposição é constante e um adolescente na internet sem aproteção dos pais pode sofrer graves conseqüências em sua autoestima ecomportamento social”, destaca.
Aneuropsicopedagoga, Claudia Villela, conta que é bem perceptível, em seusatendimentos, quando um adolescente está passando por isso. Há um momento deescuta e, foras dele, é necessário sempre ter atenção, segundo ela, aocomportamento, durante as atividades, seja ela uma atividade lúdica ou umaleitura. “Muitas vezes, a fala muda, às vezes o gestual muda, ele fica maisintrospectivo, ou mais agitado, querendo falar mais, querendo demonstrar queestá acontecendo alguma coisa errada. E daí, a gente parte para esse trabalhofocado na situação”, explica.
Deacordo com Karine, a relação entre as ações de bullying e o suicídio vemcrescendo de maneira alarmante, sobretudo nesses casos digitais em que há oapoio de muitas pessoas, trazendo uma humilhação e isolamento maior. Existe umadistorção do valor próprio e uma falta de saída para a vergonha da exposição,que, para ela, podem resultar também na agressividade contra os demais, como orelatado na série e em diversas situações já noticiadas em escolas, pelo desejode vingança, para reverter a sensação de impotência.
ParaCláudia, o papel da escola é muito importante nesse processo e algumas açõespodem ser efetuadas a fim de salvar vidas como: estabelecer uma política detolerância zero ao bullying, envolvendo toda a comunidade escolar; investir nacapacitação de professores e funcionários para que possam identificar sinais debullying e intervir de forma eficaz; incentivar a empatia e o trabalho emequipe e estimular lideranças positivas entre os alunos; apoiar a participação destesem atividades extracurriculares, a fim de que se sintam integrados; manter umacaixa de sugestão para os alunos denunciarem o bullying anonimamente, trazendosegurança; integrar programas de educação socioemocional ao currículo; entreoutras. ”Para mim, o papel da escola para prevenir e evitar o bullying e ocyberbullying é a conversa, o diálogo, trabalhando com os alunos em projetosque reflitam que a gentileza vai gerar gentileza, a importância da amizade, deentender o outro, de respeitar as diferenças, acho que é esse o caminho. Alémde muita observação sempre”, aconselha ela, que concorda com Karinesobre as graves conseqüências do bullying e do ciberbullying e sobre ser simpossível que um adolescente a eles exposto tire a própria vida ou a de outrem,como na série. “O bullying é um problema de saúde pública, que pode ter consequênciasdevastadoras e irreversíveis para a vítima e sua família. O mundo virtual é umcontexto que instiga a criança ou adolescente a utilizar de meios que nãoestamos acostumados a utilizar na convivência do dia a dia”, completaClaudia Villela.
Concluindoa questão, Karine Brock ressalta a importância dos pais nessa jornada contra ainfluência maligna das telas e do mundo virtual na vida das crianças e dosadolescentes. Estar presente, mesmo com a falta de tempo atual, é crucial. Paraela, a qualidade do tempo é mais importante que a quantidade, por isso umjantar, a prática de um esporte, assistir a algo juntos, sem celular,computador e, acima de tudo, ouvirem, estarem atentos, observarem eestabelecerem limites de tempo e de tipos de acessos, sempre explicando econduzindo para a confiança. “Tudo isso faz
diferençana prevenção. Perceber mudanças no seu filho, como isolamento, alterações dehumor e comportamento, exposição excessiva às telas e a fuga de conversas,entre outras coisas, pode salvar a infância e a adolescência de sérios danospsicológicos e até de tragédias inesperadas”, conclui a psicóloga.
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